A meritocracia (do latim mereo, merecer, obter) é a forma de
governo baseada no mérito. As posições hierárquicas são conquistadas, em tese,
com base no merecimento, e há uma predominância de valores associados à
educação e à competência. (BARBOSA, 1999)
De acordo com a definição “pura” da meritocracia, o processo
de alavancamento profissional e social é uma consequência dos méritos
individuais de cada pessoa, ou seja, dos seus esforços e dedicações.
As posições hierárquicas estariam condicionadas às pessoas
que apresentam os melhores valores educacionais, morais e aptidões técnicas ou
profissionais específicas e qualificadas em determinada área.
Este termo foi utilizado pela primeira vez por Michael Young,
no livro “Riseof the Meritocracy” (“Levantar da Meritocracia”, em
português), publicado em 1958.
No entanto, neste livro de Young, o mérito é entendido como
um termo pejorativo, pois estava relacionado com a narração de uma sociedade
que seria segregada tendo como base dois principais aspectos: a inteligência
(QI elevado) e um grande nível de esforço.
Outra crítica desferida sobre a meritocracia neste contexto,
seria o método eficaz de avaliação destes “méritos”.
O sistema de recompensamento meritocrático é amplamente
aplicado por empresas e organizações privadas, que valorizam e premiam os
profissionais que apresentam melhores produções, seja com aumentos de salário
ou oferta de cargos superiores.
A meritocracia nas empresas é uma forma de motivar os
funcionários, que se dedicam em suas funções em busca de alcançar melhores
oportunidades como consequências dos méritos apresentados.
Para a autora, o principal diferencial em favor da meritocracia consiste em que ela proporciona maior justiça do que outros sistemas hierárquicos, uma vez que as distinções não se dão por sexo ou raça, entre outros fatores biológicos ou culturais.
Então, na meritocracia, os funcionários têm metas ligadas ao crescimento da companhia e são remunerados pelo cumprimento delas. A meritocracia tem como princípio o reconhecimento das melhores pessoas e dos melhores resultados.
Com base numa remuneração meritocrativa, Welch (2005), propõe que os gerentes avaliem os funcionários e os classifiquem em três categorias em termos de desempenho, os 20% superiores, os 70% intermediários e os 10% inferiores. Quando a diferenciação é real, os 20% superiores recebem uma ampla variedade de recompensas. Os 70% intermediários devem ser observados com atenção, precisam ser motivados a atingir um patamar superior, precisam de treinamento, feedback positivo e cuidadosa definição de metas. Quanto aos 10% inferiores na diferenciação, é preciso extirpá-los.
Críticas a Meritocracia
A Meritocracia é impossível e inviável
O sistema atual usa a meritocracia e não tem funcionado. A ideia
de recompensar os “melhores” se tornou relativa e não faz diferença se é ou não
relativa, o resultado final continuaria o mesmo.
O problema com a meritocracia é que, oportunidades não são as
mesmas para todos; existem diferenças de inteligência, o que torna alguém
melhor do que outro; existem deficiências, problemas mentais, emocionais,
psicológicos e etc; não existe oportunidades para todos; e tudo isso significa
exatamente o que temos hoje: divisão de classes (algumas pessoas possuindo
muito e outras nada), miséria, dor e sofrimento, entre outros.
Alguns sociólogos, filósofos e intelectuais ignoram a
meritocracia como um sistema justo de hierarquização, pois a ascensão
profissional ou social não depende exclusivamente do esforço individual, mas
também das oportunidades que cada indivíduo tem ao longo da vida.
As pessoas que nascem com melhores condições financeiras, com
acesso às melhores instituições de ensino e contatos profissionais exclusivos,
têm maiores chances de conquistar uma posição privilegiada em relação àquelas
que não tiveram esta mesma “sorte”.
Porém, obviamente, não se deve generalizar. Não adianta ter
grandes oportunidades na vida, caso não haja o mínimo esforço e vontade para
aproveitá-las.
A principal crítica está no fato de não ser este esforço o
único fator que define o sucesso ou o fracasso, mas uma parte que engloba
conceitos mais complexos que estão presentes nas sociedades.
O socialismo e demais ideologias que pregam o conceito de
sociedade igualitária, também se opõe à meritocracia.
Para este grupo, a ideia de incentivar o sucesso baseando-se
no individualismo faz com que cresça a desigualdade social e o "Darwinismo
Social".
“E — é o que garantem alguns liberais — é isso que
vigora no mercado. Quem se esforça, chega lá. – Mises Brasil” – Mentira!
Existem pessoas extremamente capacitadas, inteligentes porém
não chegam lá. Não recebem as premiações. Não são tratadas como incríveis e geralmente
são esquecidas ou deixadas de lado. Além disso outro problema é que muitas
pessoas trapaceiam para chegar no topo com morte, ameaças, sexo, corrupção,
favores e etc. Logo a meritocracia demonstrou que falhou porém a maioria das
pessoas não entendem que nós usamos a meritocracia em diferentes níveis e os resultados
é um mundo cada vez pior e principalmente onde a desigualdade social tem
aumentando cada vez mais.
A meritocracia é um mito que alimenta as desigualdades, diz
Sidney Chalhoub
Para historiador da Unicamp e de Harvard, a Universidade está
preparada para as cotas étnico-raciais
Ao aprovar o princípio das cotas étnico-raciais, a Unicamp se
alinhou às grandes universidades do mundo, como Harvard, Yale e Columbia, que
adotam a diversidade como critério para o ingresso de seus estudantes. O
pressuposto dessas instituições é que a diversidade melhora a qualidade. A
afirmação é do historiador Sidney Chalhoub, professor titular colaborador do
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp e docente do
Departamento de História da Universidade de Harvard (EUA). Na entrevista que
segue, concedida ao Jornal da Unicamp, Chalhoub salienta a importância das
ações afirmativas como mecanismo de reparação e promoção de justiça social e
contesta argumentos utilizados pelos críticos das cotas, como a necessidade de
preservar a meritocracia. “A meritocracia como valor universal, fora das
condições sociais e históricas que marcam a sociedade brasileira, é um mito que
serve à reprodução eterna das desigualdades sociais e raciais que caracterizam
a nossa sociedade. Portanto, a meritocracia é um mito que precisa ser combatido
tanto na teoria quanto na prática. Não existe nada que justifique essa
meritocracia darwinista, que é a lei da sobrevivência do mais forte e que
promove constantemente a exclusão de setores da sociedade brasileira. Isso não
pode continuar”, defende.
O fundamental é questionar a ideia da meritocracia como um
valor abstrato universal, que justifique a existência de alguma medida comum da
aptidão e de inteligência da humanidade. Fica parecendo que a meritocracia
partiu de uma definição abstrata, excluída das circunstâncias sociais e
materiais de vida das pessoas. A universidade, sendo pública, é da sociedade
inteira. O ideal seria que todos aqueles que tivessem condições intelectuais e
interesse em entrar na universidade, obtivessem uma vaga. Como não há nenhuma
perspectiva de que nossos políticos priorizem o acesso ao ensino universitário,
é preciso fazer algum tipo de seleção. A seleção deve fazer com que a sociedade
esteja representada no corpo discente da universidade. Não se pode ter somente
uma determinada raça ou classe social na universidade.
Já que o ingresso não pode ser da maneira universal, que
a sociedade esteja presente, então, por meio da representatividade. Esse foi o
princípio aprovado pelo Consu. Não é possível que todos os candidatos entrem em
competição pelas vagas como se tivesse havido uma igualdade ideal de
oportunidade entre eles. Não se pode fazer com que o aluno negro, pobre e que
estudou numa escola pública localizada na periferia de Campinas concorra em
igualdade de condições numa prova padronizada com alunos cujos pais cursaram
universidade, têm alto poder aquisitivo e tem alto acesso ao capital simbólico.
É preciso que a universidade busque equilibrar essa disputa.
Desse modo, quando há reserva de vagas para negros e pessoas
de baixa renda, a competição se dá entre eles, entre iguais. Então, não há
exclusão do mérito. É uma maneira de ter o mérito qualificado pelas condições
sociais e econômicas dos candidatos, e não uma competição que exclui alguns
segmentos da sociedade desde sempre. Então, a ideia da meritocracia como valor
universal, fora das condições sociais e históricas que marcam a sociedade brasileira,
é um mito que serve à reprodução eterna das desigualdades sociais e raciais que
caracterizam a nossa sociedade. Portanto, a meritocracia é um mito que precisa
ser combatido tanto na teoria quanto na prática. Não existe nada que justifique
essa meritocracia darwinista, que é a lei da sobrevivência do mais forte e que
promove constantemente a exclusão de setores da sociedade brasileira. Isso não
pode continuar
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