É uma doutrina político-econômica que surge, em sua
essência, da vontade de limitação do Estado para a consequente
ascensão da liberdade individual, dos direitos individuais, da igualdade
perante a lei, da proteção à propriedade privada e do livre comércio. Essa
vontade era intimamente ligada às lutas da burguesia na
Inglaterra do século XIII e é por isso que por muitas vezes o liberalismo
foi e ainda é facilmente associado a essa classe social. Para o
liberalismo, portanto, o Estado Mínimo é necessário para que se possa
garantir as pautas defendidas, que são variadas, conforme indicadas acima,
e serão explicadas adiante. O mercado é considerado o grande provedor
e regulador da sociedade na percepção dos liberais.
O liberalismo pode ser visto por três enfoques
diferentes: o binômio liberalismo político e liberalismo econômico (dois
em um, que se correlacionam facilmente) e o liberalismo como corrente
de pensamento, que pode abranger os dois primeiros ou não. Então, para que
comecemos com clareza, algumas ponderações:
O liberalismo como corrente de pensamento: se contrapõe
ao conservadorismo como corrente de pensamento. Adjetiva a pessoa que
possui ideias flexíveis e abertas, tendente a ser mais tolerante com a
diversidade e com o novo.
O liberalismo como corrente político-econômica: ao contrário
do liberalismo como corrente de pensamento, tradicionalmente, no
Brasil, o liberalismo político-econômico está atrelado a visões com uma
linha de pensamento conservadora e à direita na política.
Tradicionalmente porque o liberalismo político-econômico não concorda
obrigatoriamente com a moral conservadora, mesmo que seja a “regra geral”
do liberalismo no nosso país. A ideologia liberalista político-econômica é
o nosso enfoque, e será explicada abaixo.
Disso, concluímos: não existe uma só definição de
liberalismo que seja aceita por todos. As grandes doutrinas políticas são
vistas com muitas particularidades tanto por quem as adota, quanto por
quem as critica. Portanto, vamos (eu e você) focar nas questões gerais e
importantes, sem a pretensão de esgotar o tema. A exposição pretende
ensinar e descomplicar a doutrina através de uma linguagem acessível e de
uma análise mais prática.
O QUE É ESTADO MÍNIMO?
Atrelado à concepção política do liberalismo, o conceito
descreve que o Estado (governo) não pode atuar ou intervir em todas as
esferas. O liberalismo político afirma que há um aglomerado de direitos
inerentes ao ser humano e que, portanto, o Estado não pode intervir. Esses
direitos seriam a liberdade individual, os direitos individuais, a
igualdade perante a lei, a segurança, a felicidade, a liberdade religiosa, a liberdade de imprensa, entre
outros. O Estado seria limitado no plano legal, através das leis, e
no plano individual/privado em razão desse conjunto de direitos.
E COMO SERIA A ATUAÇÃO DO ESTADO DIANTE DESSAS LIMITAÇÕES?
Aqui vale a famosa frase “O Estado é um mal, porém um
mal necessário”. O Estado atuaria, então, para fornecer as condições
mínimas necessárias para o livre desenvolvimento de cada cidadão.
Livre desenvolvimento significa a ausência de assistencialismo.
O liberalismo afasta o Estado paternalista, que não poderá atuar
interferindo, limitando ou suprindo necessidade na vida de qualquer
indivíduo e, sobretudo, não poderá intervir na economia e no mercado.
ESQUEMATIZANDO – PRINCIPAIS IDEAIS DO LIBERALISMO
Ideais Políticos
Defesa das liberdades e direitos individuais: Há um
conceito chamado de individualismo metodológico. O liberalismo não
reconhece direitos coletivos. O indivíduo é o agente das relações
jurídico-sociais e detém direitos individuais e não coletivos.
Liberdade de imprensa, de associação, de reunião, de
religião.
Estado Mínimo.
Igualdade perante a lei: através da instituição do
Estado de Direito. Todos seriam iguais perante a lei, e tratados como
iguais pelo Estado. Não existem privilégios.
Governos representativos e constitucionais.
Ideais Sociais
Reconhecimento do mérito. Ou seja, o lugar de cada um na
sociedade dependeria diretamente do mérito individual. Há a
pressuposição de igualdade de oportunidades, e alguns indivíduos
possuem mais do que os outros em razão da diferença no grau de esforço
aplicado para o alcance dos objetivos.
Ideais Econômicos
Reconhecimento da propriedade privada: o bem pode ser
utilizado exclusivamente por quem o adquiriu. Não há espaço para o
instituto da função social da propriedade, ou seja, não há utilização ou
obrigação de objetivos sociais para a propriedade privada.
Livre Mercado: a economia se fundamenta na lei da oferta
e da demanda. O Estado não pode intervir em nenhuma esfera da economia,
não pode intervir nos preços, nos salários ou nas trocas comerciais,
tampouco corrigindo as falhas ou disparidades sociais causadas pela
economia. O liberalismo coloca o livre mercado como o grande “regulador”
da sociedade e as falhas se corrigiriam naturalmente, através da “mão
invisível” referida por Adam Smith em seu livro “ A Riqueza das Nações”.
Tributação mínima, principalmente no que concerne à
carga tributária das empresas.
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
Existem diversos materiais gratuitos e de qualidade para
o estudo aprofundado das doutrinas políticas. Recomendamos os cursos do
Instituto Legislativo Brasileiro – ILB, através da plataforma “Saberes” mantida
pelo Senado Federal. Lá você vai encontrar as quatro doutrinas políticas
contemporâneas, divididas em quatro cursos, e um excelente material de
apoio, tudo gratuito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário